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"Não se deve examinar todo problema nem toda tese, mas apenas os que possam causar embaraço aos que necessitam de argumento." Aristóteles


quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Independência, tradição e morte

Em pleno 7 de Setembro, em quanto no Brasil é comemorado o dia da independência, por coincidência ou não, fiquei cara a cara com uma realidade nada independente. Em um momento de ócio liguei a TV pra ficar "sem fazer nada". Foi então que conheci o filme Desert Flower, que conta a história da ex-modelo Waris Dirie. Quando eu era criança, lembro-me de ter visto parte de um documentário sobre a mutilação sofrida pelas mulheres da Somália. Aquilo me perturbou tanto que não consegui ver a reportagem completa. A cultura é como a digital de um povo. As datas importantes do calendário, como é comemorado o casamento, o nascimento, as danças, tradições, tudo isso, é o que faz um determinado povo ser diferente do outro. No entanto, o que quero ressaltar aqui é que o bem-estar do ser humano, sempre estará acima de qualquer tradição cultural. Waris Dirie foi submetida a um ritual de "purificação" muito comum em seu país quando tinha apenas três anos. Neste ritual a menina tem seu clitóris arrancado junto com os grandes e pequenos lábios e após a mutilação sua genitália é costurada restando apenas um pequeníssimo orifício. Quando isso acontece algumas meninas sangram até morrer, outras morrem devido a infecção do local, e algumas, como é o caso da Waris, sobrevivem. Depois de casada, na noite núpcias, o esposo com uma navalha corta a passagem para fazer a penetração (relatos da própria Waris Dirie em Desert Flower). Sei que estamos falando de outro país, outro povo e outra cultura, mas ainda assim falamos do ser humano. Penso que a maior mutilação para essas mulheres é emocional, pois ainda que exista cirurgia plastica, nenhum cirurgião alcançará suas almas. Apesar de ter iniciado o post falando da independência do Brasil, sei que estamos falando de dois tipos distintos de independência, mas a escravidão seja em que área for, dói, em uma pessoa só ou em toda uma nação.

Abraços...